A Floresta da Morte (2/4) - Pedro Pereira

A manhã estava fria, mas pelo menos já não nevava como no dia anterior. Ivan esfregou as mãos para as aquecer. Aproximando-se da orla da floresta, foi ao encontro do responsável pela equipa de trabalhadores. 

– E então? Quando é que podemos avançar com as máquinas? 

O responsável, um sujeito gordo e careca, coçou o queixo e olhou para a floresta. 

– Isto ainda é capaz de demorar um pouco… A vegetação é muito densa para se avançar já com os bulldozers. Vamos ter de desbravar o terreno antes de podermos derrubar as árvores. 

– Nesse caso apressem-se. 

– Parem! Não podem entrar na floresta! 

Ivan virou-se para enfrentar o velho. Seria possível que aquele louco lhe fosse causar problemas? 

– Vá para casa senhor Petrovitch. Deixe os meus homens trabalhar. 

– Não! Tem de me ouvir! 

– Dimitri! 

Como um cão de guarda bem treinado, o jovem entroncado apressou-se a agarrar no idoso e a puxá-lo para longe do local. 

– Despachem o assunto – ordenou novamente para o responsável dos trabalhadores, que lhe acenou a cabeça em sinal de concordância. 


*** 


Ivan aguardava junto ao carro com Dimitri. A equipa de trabalhadores já se encontrava a desbravar o terreno. Desde que acompanhara Petrovitch a casa, que não voltou a haver qualquer interrupção nos trabalhos. 

– Espero bem que aquele sujeito não nos comece a criar problemas – comentou Ivan. 

– Não sei, mas o tipo deixa-me com os nervos em franja. Os olhos dele parecem completamente vazios, sem vida. É completamente lunático… 

Um grito de agonia vindo da floresta interrompeu Dimitri. 

– Mas que raio?! – protestou Ivan. 

Correu para a floresta a toda a velocidade. Ao chegar junto dos trabalhadores, deu com um dos homens caído no chão, agarrado ao antebraço ensanguentado. Tinha o músculo rasgado e era possível ver o próprio osso. 

Um pouco mais à frente, os restantes trabalhadores berravam e gesticulavam com as ferramentas no ar, tentando afugentar um enorme lobo negro. 

Ivan nunca vira uma criatura com um ar tão ameaçador. O corpo era exageradamente grande e corpulento, parecia impossível um lobo poder alcançar aquelas proporções. Com as orelhas para trás e dentes de fora, rosnava para os trabalhadores que o tentavam afugentar. Porém, apesar de estar sozinho, a criatura não fugia, parecia antes avaliar os adversários com os penetrantes olhos amarelos, como se estivesse a escolher a próxima vítima. 

Ivan sacou do revólver e disparou um tiro para o ar. 

Com o som do disparo, o lobo virou costas e fugiu para o interior da floresta. – Chamem uma ambulância – ordenou Ivan. – Os trabalhos estão suspensos.


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