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Fantasy and Co.
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Os Kravyads
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Vitor Frazão
Os Kravyads 1/7 – Luxúria – Vitor Frazão
Os lábios quentes e
húmidos dela eram sumarentos como cerejas maduras e a língua suave como seda.
Mesmo embotada pelo desejo, a mente de Luís era assolada por uma tempestade de
pensamentos, incapaz de simplesmente se deixar levar pelo prazer do momento.
Quando saíra de
casa, no início da noite, e se dirigira ao tasco para beber uns copos com os
amigos, os planos do jovem e tímido estudante universitário eram modestos:
relaxar um bocado, depois de um dia inteiro a “marrar”, abstraindo-se, por
algumas horas, dos exames e da pressão de fazer jus às expectativas da família,
que tanto sacrificara para o pôr a estudar em Coimbra, e, no máximo, se tivesse
sorte, conseguir chegar a algum lado com Madalena. Nunca imaginara que deixaria
passar essa oportunidade para dar por si no corredor de um prédio estranho,
prestes a ir para a cama com uma bela e misteriosa desconhecida.
Mal acreditava na
sua sorte, ao ponto de desconfiar tratar-se de uma tramóia maldosa. Luís não se
achava feio, porém, também sabia que não era nenhuma estampa, não tendo nada
que o distinguisse dos demais, muito pelo contrário, se precisasse de o fazer,
definir-se-ia como banal. Por outro lado, aquela que o engatara era, pura e
simplesmente, excepcional. Seria tudo aquilo, uma partida ou alucinação? Desde
quando é que uma mulher como ela ligava puto a um tipo como ele?
Ana parecia saída
das suas mais loucas fantasias, quase demasiado bela para ser real. Olhos
cinzentos, guardados por longas pestanas e sobrancelhas finas; compridos e
lisos cabelos louros, que desciam até meio das costas; lábios finos e
sumarentos que ocasionalmente se rasgavam num singelo e desarmante sorriso,
misto de malícia e timidez; corpo delgado, mas voluptuoso, cujas formas, mesmo sob
as grossas roupas de Inverno, faziam virar cabeças e um rosto que transmitia
calor, alegria e um toque de travessura. A mistura de femme fatal e “rapariguinha da porta ao lado”, fazia-a bela e
sedutora ao ponto de a sua presença ser intimidante, porém, a atitude
descontraída e simpática tornava-a acessível, mesmo acolhedora. Era o tipo de
mulher que podia ter qualquer um, o que levava um desconfiado, embora
satisfeito, Luís a interrogar-se: “Porquê eu?”
Quando finalmente
chegaram à porta do apartamento de Ana e esta interrompeu o beijo, afastando-se
ligeiramente para levar a chave à fechadura, Luís estava capaz de jurar que
sentira o mundo tornar-se mais frio e escuro. O toque dela, a sua respiração na
dele, eram a luz e o calor que o puxavam de um universo cinzento e cruel, como
uma droga que atenuava a realidade. Não queria estar longe dela, não podia
estar, a ideia de tentá-lo enchia-o de um vazio angustiante, que lhe oprimia o
coração, como uma mão gelada.
Vozes dentro do apartamento arrancaram-no,
momentaneamente, da hipnótica fantasia criada pela luxúria.
- Tens colegas de
casa?
- Só os meus pais –
respondeu ela, abrindo a porta.
Foi como se lhe
tivessem enfiado um balde de água fria pela cabeça abaixo. O choque acordou
Luís para a realidade, levando-o a interrogar-se que espécie de piada cruel
seria aquela? Quem é que engatava um tipo qualquer e o trazia para conhecer os
pais?
- Mas o que?... Eu…
Mas… – foram as únicas palavras que conseguiu articular, enquanto Ana o puxava
suavemente para dentro do apartamento.
- Não te preocupes – pediu ela, lançando um
sorriso perante o qual Luís não conseguiu conjurar uma razão para se recusar a
segui-la.
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2 comentários:
Over-attached girlfriend ou algo bem mais tenebroso?
We shall see... ;)
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